Já que as autoridades não os abatem, nem sequer umas anilhas de identificação ou uns emissores de rádio para futura localização lhes põem, há sempre uns bandidos mais poderosos dispostos a fazer em mar alto, longe do curto e flácido braço da lei, o que, para grande contrariedade sua, não podem fazer no quintal lá de casa.
Quem pensava que, depois de ver bandos de selvagens armados a sequestrar navios de grande tonelagem e a arrecadar avultados resgates e as marinhas ocidentais a libertar alguns desses bandidos, já tinha visto tudo, enganou-se: a realidade da maldade e da estupidez humanas, com toda a sua crueldade, ultrapassa sempre as nossas piores expectativas; ajuda-nos, também, a nós, ocidentais, criados numa sociedade que poucos sacrifícios nos exige em troca de uma rara, na história da humanidade, segurança, a ter presente que o mundo é, e há-de sempre ser - a despeito dos sonhos idealistas de modificar a natureza humana, caída -, um lugar perigoso.
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