Saturday, April 3, 2010

«Bater na Igreja»

Desporto dos cobardes.

Pedro Arroja, no Portugal Contemporâneo:
«Eu gostaria neste post de tratar as agressões à Igreja, (...) [as] agressões de natureza intelectual - calúnias, difamações, insinuações, insultos, etc. Não sem antes acrescentar que as agressões ao Papa são agressões à Igreja, e vice-versa, porque a Igreja Católica é talvez a única instituição em que um homem equivale à instituição, e a instituição equivale ao homem. E isto é assim porque o Papa dispõe de poder absoluto sobre a Igreja. O que Ele diz ou faz é a Igreja que diz ou faz.

Em certas alturas da história, como durante a Reforma e o Iluminismo, em certos países agora, ou entre certos grupos de pessoas, como os intelectuais, parece não existir às vezes desporto mais popular do que bater na Igreja ou, equivalentemente, no Papa. É também o desporto mais cobarde. A Igreja é uma instituição feminina, ela sempre se intitulou a Santa Madre Igreja, nunca o Santo Padre Igreja. Ela é uma Figura de Mulher. Ela é a Matilde dos meus posts anteriores. E, por isso, não consegue responder às agressões. Não tem exército, e quando algum dos seus membros é agredido, incluindo o Papa - e sobretudo o Papa - ele não pode responder. Os seus membros estão submetidos a um código de conduta tal que, quando lhes batem numa face, [é suposto] eles oferecer[em] a outra.

O Papa ou a Igreja defendem-se obviamente mal. Não se defendem de todo. Se alguém lança uma calunia sobre o Papa, ele não pode responder lançando uma calúnia de volta; se alguém o insulta, Ele não pode insultar em troca; se alguém o difama, Ele não pode difamar também; se alguém o acusa, Ele não pode retribuir a acusação. Não existe nada de mais fácil, e também de mais desprezível, do que bater na Igreja, sobretudo no Papa. Os valentões que batem na Igreja ou no Papa são os mesmos que estão prontos a bater em mulheres ou em qualquer pessoa indefesa. Normalmente são os mesmos que não são capazes de bater em homens, porque sabem o que é que lhes acontecia. Não faltam valentões destes na história desde a Reforma e o Iluminismo. E em Portugal, então - mas é justo que se diga, não apenas em Portugal -, os intelectuais mais agressivos começam sempre por bater na Igreja, porque não conseguem bater em mais ninguém, sobretudo que seja homem.
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