Ao que parece, o mundo acordou hoje para mais uma polémica envolvendo a Igreja, a propósito dos hediondos actos de pedofilia perpetrados por alguns dos seus ministros e que tem servido de lama para atirar à face imaculada da Esposa de Cristo.
Desta vez, é a algumas palavras atribuídas a Raniero Cantalamessa, pregador do Papa, que os fiscais do pensamento correcto se atiram ― sempre em busca de munições para flagelar a Igreja ―, num súbito zelo de afectado filo-semitismo para consumo imediato, do qual se hão-de esquecer instantaneamente na próxima campanha de ataques aos judeus a levar a cabo pelos seus aliados islâmicos, esses mesmos que negam a Solução Final nacional-socialista, da qual foram cúmplices ideológicos e efectivos.
Para que o leitor possa julgar por si mesmo as razões, ou a falta delas, para esta pseudopolémica, colo a parte relevante da pregação de Cantalamessa, publicada pela
Zenit.
Não deixa de ser irónico que esta onda de ataques à Igreja ocorra justamente na Semana Santa, proporcionando aos cristãos ocasião de se configurarem com o seu Salvador, injustamente acusado, preso, aviltado, julgado com falsos testemunhos por juízes iníquos e por um procurador tíbio, condenado a pedido da turba manipulada pelos defensores da ortodoxia dominante, o qual, esbofeteado quando responde, aceita em silêncio o seu suplício:
«Por uma rara coincidência, neste ano nossa Páscoa cai na mesma semana da Páscoa judaica, que é a matriz na qual esta se constituiu. Isso nos estimula a voltar nosso pensamento aos nossos irmãos judeus. Estes sabem por experiência própria o que significa ser vítima da violência colectiva e também estão aptos a reconhecer os sintomas recorrentes. Recebi nestes dias uma carta de um amigo judeu e, com sua permissão, compartilho um trecho convosco. Dizia:
“Tenho acompanhado com desgosto o ataque violento e concêntrico contra a Igreja, o Papa e todos os fiéis do mundo inteiro. O recurso ao estereótipo, a passagem da responsabilidade pessoal para a colectividade me lembram os aspectos mais vergonhosos do anti-semitismo. Desejo, portanto, expressar à ti pessoalmente, ao Papa e à toda Igreja minha solidariedade de judeu do diálogo e de todos aqueles que no mundo hebraico (e são muitos) compartilham destes sentimentos de fraternidade. A nossa Páscoa e a vossa têm indubitáveis elementos de alteridade, mas ambas vivem na esperança messiânica que seguramente reunirá no amor do Pai comum. Felicidades a ti e a todos os católicos e Boa Páscoa”.
Também nós, católicos, felicitamos os irmãos judeus, desejando-lhes Boa Páscoa. E o fazemos com palavras de seu antigo mestre Gamaliel, inseridas no Seder pascal hebraico e incorporadas na mais antiga liturgia cristã:
“Ele nos conduziu
da escravidão à liberdade,
da tristeza à alegria,
do luto à festa,
das trevas à luz,
da servidão à redenção
Por isso diante dele dizemos: Aleluia” [5]»
[Tradução de Paulo Marcelo Silva]
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